Por Patrícia Veronesi Batista
Quinta-feira, 10 de abril de 2014
Quinta-feira, 10 de abril de 2014
O Brasil é um país de dimensões continentais, com mais de 190
milhões de habitantes[1],
apresenta um quadro extremamente diverso quanto às manifestações
étnico-culturais, por refletirem a miscigenação dos povos (indígenas,
africanos, imigrantes europeus e asiáticos) que contribuíram na formação do
país.
Esse multiculturalismo muito discutido durante a história e
formação da nação brasileira tem servido de embasamento para um discurso
ufanista, de supervalorização da pluralidade de identidades sociais, das
peculiaridades de um "(...) país tropical, bonito por natureza (...)"[2],
mas que na prática possui "cerca de 200 povos indígenas, mais de 2.200
comunidades quilombolas, 97,5 milhões de mulheres, 93,5 milhões de pessoas
negras" (PINAD apud HEILBON; ARAÚJO; BARRETO, 2010, p. 54), expostas à
práticas de exclusão e discriminação, sendo inferiorizados por perspectivas hierárquicas,
nas quais o homem, o branco, o heterossexual e o cristão católico,correspondem
aos padrões legítimos de civilidade.
Desta forma, vê-se que há uma tendência a enfeitar o fenômeno
diversidade cultural, como sendo a maior riqueza do povo brasileiro, o que
constitui a identidade da nação, para camuflar as desigualdades sociais,
maquiar o abismo que se instaura entre grupos desprovidos de participação e
equidade social.
Dentre os principais exemplos de diversidades que transformaram-se
em desigualdades sociais estão: a escravização dos negros, povo privado de liberdade,
de acesso a bens materiais, de reconhecimento, justiça e dignidade humana, pela
diferença na cor da pele; as mulheres, vistas por muitos anos como naturalmente
fadadas à submissão e ao propósito da reprodução; os portadores de necessidades
especiais, marginalizados por desproverem de mobilidade, acesso a recursos e
serviços; os idosos, que por vezes são afastados do convívio com outras
gerações, simplesmente por terem envelhecido, por não apresentarem a mesma
disposição de outrora, enfim, poderíamos citar uma infinidade de casos, pois são
inúmeras as diferenças culturais/comportamentais na nossa sociedade, estão
presentes desde a linguagem, danças, vestuários, até as tradições, preceitos,
dogmas e estilo de vida.
Contudo a diversidade não pode tornar-se sinônimo de
desigualdade, não pode ser compensada com a ideológica valorização das
expressões culturais, deve ao contrário, priorizar a garantia de acesso à
informação, saúde, educação, segurança, lazer, esporte, moradia, transporte, justiça,
emprego, distribuição de oportunidades, reconhecimento social e assim, ser
possível ver igualdade humana mesmo onde há diferenças.
Alcançados esses direitos elementares, poderemos, por que não,
nos ater às singularidades culturais do povo brasileiro.
REFERÊNCIAS
FUNDAÇÃO
IBGE. CENSO DEMOGRÁFICO 2010. Disponível em: .
Acesso em: 26 mar. 2014
HEILBON,
Maria Luiza; ARAÚJO, Leila; BARRETO, Andreia. Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça: módulo 1. Rio de
Janeiro: CEPESC; Brasília: Secretaria de Políticas para as mulheres, 2010.
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