terça-feira, 5 de agosto de 2014

PLANO DE AÇÃO II



"SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA: 
DISCUTINDO O RACISMO NA ESCOLA!"

Por Patrícia Veronesi Batista 
Sexta-feira, 18 de julho de 2014


OBJETIVOS DA AÇÃO 
  • Discutir as relações raciais no ambiente escolar.
  • Promover o respeito pelas várias etnias.
  • Reconhecer e valorizar a cultura africana e afro-descendente, como formadora da nossa cultura.

JUSTIFICATIVA
De acordo com a Lei 11.645/08, o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena na formação do povo brasileiro tornam-se obrigatórios no currículo escolar. Essa lei passou a valer para todos os níveis da educação básica com a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais.

Considerando que o Brasil é a segunda maior nação negra do mundo e está entre os países mais preconceituosos, marcado por manifestações veladas de racismo, faz-se necessário discutir a temática na escola, lugar em que a diversidade étnico-racial ainda representa um tabu a ser superado. 

A escola é uma instituição social que reflete bem o modelo de sociedade em que está inserida, pois nela identificamos práticas que resultam em desigualdades sociais, raciais, culturais, econômicas e a reprodução de modelos discriminatórios com os quais lidamos no dia a dia. Desta forma a experiência de estudo, discussão e respeito à diversidade étnico-racial no espaço escolar favorecerá mudanças sociais, e para tal, é necessário que professores, gestores e funcionários da escola entendam o espaço escolar como propulsor do exercício da cidadania, de democracia e de emancipação. Tal movimento será possível com a constante reavaliação de valores, crenças e princípios tidos como verdade, mas que em sua maioria fundamentam-se em concepções racistas, sexistas, conservadoras e principalmente excludentes.

Jeruse Romão, em "Por uma educação que promova a auto-estima da criança negra" (2001), destaca a importância da pesquisa e do estudo por parte dos educadores no processo de construção de educação anti-racista:

Ao olhar para alunos que descendem de africanos, o professor comprometido com o combate ao racismo deverá buscar conhecimentos sobre a história e cultura deste aluno e de seus antecedentes. E ao fazê-lo, buscar compreender os preconceitos embutidos em sua postura, linguagem e prática escolar; reestruturar seu envolvimento e se comprometer com a perspectiva multicultural da educação (ROMÃO, 2001).

Paulo Freire também nos ensina que a visão do educador deve respeitar o educando, ou seja, "ensinar exige reconhecimento e assunção da identidade cultural". Dentro deste contexto, torna-se urgente o reconhecimento de que há sim discriminação racial dentro e fora da escola, ocorrendo ora de forma explícita (como nas piadinhas entre alunos), ora de forma velada; que não é exclusiva aos afro-descendentes, sendo recorrente entre outros grupos étnicos, raciais ou religiosos, e principalmente, que precisamos fazer alguma coisa para minimizaras as diferenças sociais que resultam dessas discriminações.

Com base nessas considerações, a temática racial deve estar sempre presente na escola, no decorrer de todo o ano letivo, em todas as disciplinas curriculares, e quando possível, destinar momentos específicos para o debate coletivo do tema.

DESCRIÇÃO DA AÇÃO
Durante a semana em que comemora-se o Dia da Consciência Negra (semana do dia 20 de novembro), a escola organiza-se para discutir a temática racismo, oferecendo rodas de leitura, mesas redondas, palestras, seções audiovisuais e exposições. Atividades essas, preparadas por professores e profissionais da educação para os alunos, ou seja, a escola deve movimentar estudiosos da área, autores de livros e profissionais da educação para dirigirem cada atividade, sempre tendo o aluno como elemento principal das ações a serem realizadas. Desta forma os alunos devem ser envolvidos nas seguintes atividades/discussões propostas:

SALA 1 - Roda de leitura e discussão dos textos que abordem o racismo, como:
- "O Racismo", de Luís Fernando Veríssimo.
- Reportagens que tratem de manifestações preconceituosas na escola e fora dela.

SALA 2 - Mesas redondas, com as seguintes temáticas:

- Onde você guarda o seu racismo?
- Como e quando agir?

SALA 3 - Palestras, com as seguintes temáticas:

- As tradições e a história da cultura negra.
- A influência da cultura africana na sociedade brasileira.

SALA 4 - Seções audiovisuais:
- Documentário “Vista a Minha Pele” (Joel Zito Araújo & Dandara. Brasil, 2004).
- O Negro no Brasil - Caminhos da Reportagem (Reportagem: Luciana Barreto Edição: Isabelle Gomes Produção: Vivian Carneiro e Laine Fabrício. Brasil, 2011).

SALA 5 - Exposições, com as seguintes temáticas:
- Consciência Negra em Cartaz.
- Cultura afro.

Essas atividades estarão disponíveis aos alunos do ensino fundamental e médio, nos cinco dias de comemoração, em uma espécie de feira de atividades, cabendo ao aluno escolher as que pretende fazer primeiro, tendo a oportunidade de no final da semana ter passado por todas as salas.

Tais atividades podem ser realizadas sempre após o intervalo (recreio), dispensando duas horas diárias (duas apresentações de 1 hora em cada dia), totalizando dez horas semanais.   

CRONOGRAMA  
Para planejamento:
Um mês para planejamento das atividades, seleção de material e convidados para ministrarem as atividades (palestras, mesas redondas, todas de leituras, etc).
Para execução:
Uma semana, destinando duas hora por dia para a participação dos alunos nas atividades descritas.

A seguir tabela com cronograma do curso:
ATIVIDADES
OUT
NOV
SEG (17/11/14)
NOV
TER (18/11/14)
NOV
QUAR (19/11/14)
NOV
QUI (20/11/14)
NOV
SEX (21/11/14)
PLANEJAMENTO
X





SALA 1
Carga horária.: 2 h.
Duas apresentações de 1h.

X
X
X
X
X
SALA 2
Carga horária.: 2 h.
Duas apresentações de 1h.

X
X
X
X
X
SALA 3
Carga horária.: 2 h.
Duas apresentações de 1h.

X
X
X
X
X
SALA 4
Carga horária.: 2 h.
Duas apresentações de 1h.

X
X
X
X
X
SALA 5
Carga horária.: 2 h.
Duas apresentações de 1h.

X
X
X
X
X

Materiais: serão utilizados livros, reportagens, internet, documentários, datashow, computador, quadro negro, etc.

POPULAÇÃO BENEFICIADA
Alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio "Alice Holzmeister", localizada no município de Santa Leopoldina.

Segundo dados do Censo Escolar/INEP[1], trata-se da única escola estadual do município[2], está localizada em região urbana, no centro da cidade. Atende em especial o público da sede, mas contempla boa parte dos alunos das comunidades próximas e do interior.

O mesmo censo aponta que em 2013 foram feitas 206 matrículas para os anos iniciais do Ensino Fundamental (1ª a 4ª série ou 1º ao 5º ano), 304 matrículas para os anos finais do Ensino Fundamental (5ª a 8ª série ou 6º ao 9º ano) e 249 matrículas para o Ensino Médio, não contemplando Creche, Pré-escola, Educação de Jovens e Adultos, nem Educação Especial. Possui 68 funcionários, estrutura básica para funcionamento com internet, computadores (31 para alunos e 7 para funcionários), salas de atendimento especial, professores, diretoria, quadra de esporte, laboratório de ciências, informática, cozinha, biblioteca e sanitários dentro da escola.

Trata-se de uma escola de pequeno porte se compararmos com outras da grande vitória, mas na cidade é a principal escola, apresentando público variado (moradores da sede e do interior), sendo referência no acesso a educação e na infraestrutura.

REFERÊNCIAS
BRASIL (Ministério da Educação). Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Disponível em: <http://www.qedu.org.br/escola/167249-eeefm-alice-holzmeister/censo-escolar>. Acesso em: 30 maio 2014.
ROMÃO, Jeruse. Por uma educação que promova a auto-estima da criança negra. Brasília, Ministério da Justiça, CEAP, 2001.



[1] BRASIL (Ministério da Educação). Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Disponível em: . Acesso em: 30 maio 2014.

[2] Vale ressaltar que tenho conhecimento da existência de outras escolas sob os cuidados do Estado e do Município. Contudo, não obtive respostas oficiais da Secretaria de Educação de Santa Leopoldina e optei por apresentar dados do Censo Escolar/INEP 2013.



Nenhum comentário:

Postar um comentário