terça-feira, 1 de julho de 2014

PLANO DE AÇÃO I


            "DIVERSIDADE SEXUAL NA ESCOLA"

Por Patrícia Veronesi Batista
Sábado, 31 de maio de 2014


OBJETIVO
Oferecer curso de formação continuada para professores e equipe de gestão (diretor, pedagogos e coordenadores) da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio "Alice Holzmeister".

O curso trataria das formas de abordagem da diversidade sexual nas escolas, das conservadoras às mais democráticas, no intuito de provocar nos profissionais a análise de seu papel no processo de estabelecimento de padrões comportamentais (o que é adequado a meninos e a meninas), e o quanto isso contribui para a perpetuação de visões preconceituosas e sexistas.

Buscaria oferecer aos professores/as conhecimentos básicos para identificar as demandas da escola, reconhecer o que precisa ser repensado na própria atuação (reconhecer seus preconceitos), rever práticas e ter condições de propor novas formas de intervenção.

Desta forma, o curso teria como objetivo final, preparar os professores para lidar com as diferenças de orientação sexual, discriminação e violência que os jovens homossexuais sofrem dentro da escola e assim, promover as mudanças necessárias nas concepções preconceituosas de seus alunos e funcionários.


JUSTIFICATIVA
Tal iniciativa faz-se necessário pela constante presença de bullying homofóbico nas escolas, sendo essa prática responsável em grande medida pelos índices de evasão escolar, pelas interrupções momentâneas dos estudos, pelos casos de violência física, verbal e psicológica de indivíduos homossexuais, e ainda pela urgente necessidade de intervenção da escola, que ao isentar-se diante de manifestações discriminatórias acabam por contribuir na perpetuação dessas práticas.

Segundo dados da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP/2012)[1], em pesquisa sobre homofobia nas escolas, 27% dos homossexuais e bissexuais declararam sofrer ou ter sofrido preconceito na escola; 13% afirmaram que a escola foi o primeiro lugar onde sofreram discriminação; 87% da comunidade escolar (o que contempla alunos, professores e pais) apresenta algum grau de homofobia; 39% dos estudantes do sexo masculino não gostam de ter um colega gay; 35% dos pais não gostariam que o filho estudasse com um homossexual; 60% dos professores admitem não ter base para lidar com a diversidade sexual.

Segundo pesquisa realizada pela UNESCO (2010)[2] na capital capixaba, 47,9% dos professores declararam não saber abordar temas relativos à homossexualidade em sala de aula e 44% dos estudantes do sexo masculino afirmaram não gostar de ter colegas homossexuais, o que conferiu à Vitória o posto de capital mais homofóbica do país.

Pesquisa realizada na região metropolitana do Espírito Santo, contemplando os municípios de Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória, em 2011[3], aponta que 56% dos entrevistados já sofreram alguma forma de agressão (física, moral ou ambas) nas escolas e que apenas 22% continuam estudando mesmo sofrendo com o preconceito gerado por sua orientação sexual.

Diante dos dados apresentados[4], pode-se confirmar o quão necessário é a existência de ações educativas, que busquem transformações nas concepções e práticas escolares, não havendo dúvidas de que essa mudança deve iniciar pela atuação dos educadores, que são potencialmente influentes na (des)construção de valores, princípios e formação intelectual dos alunos.


DESCRIÇÃO DA AÇÃO
A ação consistiria basicamente em uma análise das abordagens sobre diversidade sexual nas escolas (das conservadoras às mais democráticas), a partir de estudos organizados em módulos:

1º. Histórico sobre Sexualidade Humana. Carga Horária: 20 h.
Sexo/gênero, orientação sexual e afetiva/identidade sexual ao longo da história da humanidade.

2º. Meninos e Meninas nas Escolas: como são tratados. Carga Horária: 20 h.
O que tradicionalmente tem determinado ser menina ou ser menino nas escolas, quais tratamentos são dispensados a cada público.

3º. Quando descobriu que era assim? Carga Horária: 20 h.
Relatos de jovens discriminados e as implicações psicossociais.

4º. Nossos valores. Carga Horária: 20 h.
A relação entre valores pessoais, religiões, sujeitos éticos (que são conscientes de si e dos outros) e a escola pública laica, a fim de refletir sobre posturas inclusivas e exclusivas.

5º. Projetos bem sucedidos. Carga Horária: 20 h.
Estudo de projetos de intervenção escolar que deram certo no Estado e no Brasil.

6º. Trabalho de conclusão. Carga Horária: 20 h.
Elaborar e apresentar projetos de intervenção para a escola em questão.

CRONOGRAMA  
Para planejamento: dois meses para planejar o cronograma de atividades, selecionar material para leitura, convidar estudiosos da área para possíveis palestras, selecionar documentários que retratam jovens agressores e agredidos, selecionar seminário, oficinas e/ou mesas redondas para inscrever os cursistas como participantes e elaborar metodologia de avaliação fundamentada em debates em sala, seminários, planos de ação teóricos e práticos para a escola.

Para execução: seis meses para execução das atividades planejadas, contando com um encontro semanal de 5 horas (aos sábados), além de participações esporádicas em seminários, oficinas e/ou mesas redondas previstas no planejamento do curso.

A seguir tabela com cronograma do curso:

ATIVIDADES
ABR
MAIO
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
Planejamento
X
X






Módulo 1
Carga horária.: 20 h.
Encontros: 4 de 5 h.


Dias: 07, 14, 21 e 28.





Módulo 2
Carga horária.: 20 h.
Encontros: 4 de 5 h.



Dias: 05, 12, 19 e 26.




Módulo 3
Carga horária.: 20 h.
Encontros: 4 de 5 h.




Dias: 09, 16, 23 e 30.



Módulo 4
Carga horária.: 20 h.
Encontros: 4 de 5 h.





Dias: 06, 13, 20 e 27.


Módulo 5
Carga horária.: 20 h.
Encontros: 4 de 5 h.






Dias: 04, 11, 18 e 25.

Módulo 6
Carga horária.: 20 h.
Encontros: 4 de 5 h.







Dias: 01, 08, 22 e 29.

Materiais: serão utilizados livros, apostilas, internet, vídeos, datashow, computador, quadro negro, etc.


POPULAÇÃO BENEFICIADA
Professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio "Alice Holzmeister", localizada no município de Santa Leopoldina.

Segundo dados do Censo Escolar/INEP[5], trata-se da única escola estadual do município[6], está localizada em região urbana, no centro da cidade. Atende em especial o público da sede, mas contempla boa parte dos alunos das comunidades próximas e do interior.

O mesmo censo aponta que em 2013 foram feitas 206 matrículas para os anos iniciais do Ensino Fundamental (1ª a 4ª série ou 1º ao 5º ano), 304 matrículas para os anos finais do Ensino Fundamental (5ª a 8ª série ou 6º ao 9º ano) e 249 matrículas para o Ensino Médio, não contemplando Creche, Pré-escola, Educação de Jovens e Adultos, nem Educação Especial. Possui 68 funcionários, estrutura básica para funcionamento com internet, computadores (31 para alunos e 7 para funcionários), salas de atendimento especial, professores, diretoria, quadra de esporte, laboratório de ciências, informática, cozinha, biblioteca e sanitários dentro da escola.

Trata-se de uma escola de pequeno porte se compararmos com outras da grande vitória, mas na cidade é a principal escola, apresentando público variado (moradores da sede e do interior), sendo referência no acesso a educação e na infraestrutura.





[1] FACULDADE de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). HOMOFOBIA Nas escolas brasileiras. Disponível em: Acesso em: 18 de abr. 2014.
[2] FRANCEZ, L. De acordo com a UNESCO, Vitória é a capital mais homofóbica do País: Reportagem. Século Diário, 2010. Disponível em: . Acesso em: 18 de abri. 2014.
[3] MOREIRA, Yan Faria. Saindo do armário da escola: índices e causas de evasão de indivíduos não heterossexuais das instituições de ensino. IFES-ST, 2011. Disponível em: < http://www.periodicos.ufes.br/gepss/article/view/3807>. Acesso em: 18 abr. 2014.
[4] Não foram encontrados dados oficiais do município de Santa Leopoldina. Contudo, a situação do Estado pode ser usada como referência, uma vez que as distâncias não amenizam as desigualdades sociais e os desafios encontrados na educação.
[5] BRASIL (Ministério da Educação). Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Disponível em: . Acesso em: 30 maio 2014.
[6] Vale ressaltar que tenho conhecimento da existência de outras escolas sob os cuidados do Estado e do Município. Contudo, não obtive respostas oficiais da Secretaria de Educação de Santa Leopoldina e optei por apresentar dados do Censo Escolar/INEP 2013.

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