"DIVERSIDADE SEXUAL NA ESCOLA"
Por Patrícia Veronesi Batista
Sábado, 31 de maio de 2014
OBJETIVO
Oferecer curso
de formação continuada para professores e equipe de gestão (diretor,
pedagogos e coordenadores) da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
"Alice Holzmeister".
O curso
trataria das formas de abordagem da diversidade sexual nas escolas, das
conservadoras às mais democráticas, no intuito de provocar nos profissionais
a análise de seu papel no processo de estabelecimento de padrões
comportamentais (o que é adequado a meninos e a meninas), e o quanto isso
contribui para a perpetuação de visões preconceituosas e sexistas.
Buscaria
oferecer aos professores/as conhecimentos básicos para identificar as
demandas da escola, reconhecer o que precisa ser repensado na própria atuação
(reconhecer seus preconceitos), rever práticas e ter condições de propor
novas formas de intervenção.
Desta forma, o
curso teria como objetivo final, preparar os
professores para lidar com as diferenças de orientação sexual,
discriminação e violência que os jovens homossexuais sofrem dentro da escola
e assim, promover as mudanças necessárias nas concepções preconceituosas de
seus alunos e funcionários.
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JUSTIFICATIVA
Tal iniciativa
faz-se necessário pela constante presença de bullying
homofóbico nas escolas, sendo essa prática responsável em grande medida
pelos índices de evasão escolar, pelas interrupções momentâneas dos estudos,
pelos casos de violência física, verbal e psicológica de indivíduos
homossexuais, e ainda pela urgente necessidade de intervenção da escola, que
ao isentar-se diante de manifestações discriminatórias acabam por contribuir
na perpetuação dessas práticas.
Segundo dados
da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de
São Paulo (FEA-USP/2012)[1],
em pesquisa sobre homofobia nas escolas, 27% dos homossexuais e bissexuais
declararam sofrer ou ter sofrido preconceito na escola; 13% afirmaram que a
escola foi o primeiro lugar onde sofreram discriminação; 87% da comunidade
escolar (o que contempla alunos, professores e pais) apresenta algum grau de
homofobia; 39% dos estudantes do sexo masculino não gostam de ter um colega
gay; 35% dos pais não gostariam que o filho estudasse com um homossexual; 60%
dos professores admitem não ter base para lidar com a diversidade sexual.
Segundo
pesquisa realizada pela UNESCO (2010)[2]
na capital capixaba, 47,9% dos professores declararam não saber abordar temas
relativos à homossexualidade em sala de aula e 44% dos estudantes do sexo
masculino afirmaram não gostar de ter colegas homossexuais, o que conferiu à
Vitória o posto de capital mais homofóbica do país.
Pesquisa
realizada na região metropolitana do Espírito Santo, contemplando os
municípios de Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Viana, Vila Velha e
Vitória, em 2011[3], aponta
que 56% dos entrevistados já sofreram alguma forma de agressão (física, moral
ou ambas) nas escolas e que apenas 22% continuam estudando mesmo sofrendo com
o preconceito gerado por sua orientação sexual.
Diante dos
dados apresentados[4],
pode-se confirmar o quão necessário é a existência de ações educativas, que
busquem transformações nas concepções e práticas escolares, não havendo
dúvidas de que essa mudança deve iniciar pela atuação dos educadores, que são
potencialmente influentes na (des)construção de valores, princípios e
formação intelectual dos alunos.
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DESCRIÇÃO DA AÇÃO
A ação consistiria
basicamente em uma análise das abordagens sobre diversidade sexual nas escolas
(das conservadoras às mais democráticas), a partir de estudos organizados em
módulos:
1º. Histórico sobre Sexualidade Humana. Carga
Horária: 20 h.
Sexo/gênero,
orientação sexual e afetiva/identidade sexual ao longo da história da
humanidade.
2º. Meninos e Meninas nas Escolas: como
são tratados. Carga Horária: 20 h.
O que tradicionalmente
tem determinado ser menina ou ser menino nas escolas, quais tratamentos são
dispensados a cada público.
3º. Quando descobriu que era assim? Carga
Horária: 20 h.
Relatos de
jovens discriminados e as implicações psicossociais.
4º. Nossos valores. Carga Horária: 20 h.
A relação
entre valores pessoais, religiões, sujeitos éticos (que são conscientes de si
e dos outros) e a escola pública laica, a fim de refletir sobre posturas
inclusivas e exclusivas.
5º. Projetos bem sucedidos. Carga
Horária: 20 h.
Estudo de
projetos de intervenção escolar que deram certo no Estado e no Brasil.
6º. Trabalho de conclusão. Carga Horária:
20 h.
Elaborar e
apresentar projetos de intervenção para a escola em questão.
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CRONOGRAMA
Para planejamento: dois meses para
planejar o cronograma de atividades, selecionar material para leitura,
convidar estudiosos da área para possíveis palestras, selecionar
documentários que retratam jovens agressores e agredidos, selecionar
seminário, oficinas e/ou mesas redondas para inscrever os cursistas como
participantes e elaborar metodologia de avaliação fundamentada em debates em
sala, seminários, planos de ação teóricos e práticos para a escola.
Para execução: seis meses para
execução das atividades planejadas, contando com um encontro semanal de 5
horas (aos sábados), além de participações esporádicas em seminários,
oficinas e/ou mesas redondas previstas no planejamento do curso.
A seguir tabela com cronograma do curso:
Materiais: serão utilizados livros,
apostilas, internet, vídeos, datashow, computador, quadro negro, etc.
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POPULAÇÃO BENEFICIADA
Professores da
Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio "Alice Holzmeister",
localizada no município de Santa Leopoldina.
Segundo dados
do Censo Escolar/INEP[5],
trata-se da única escola estadual do município[6],
está localizada em região urbana, no centro da cidade. Atende em especial o
público da sede, mas contempla boa parte dos alunos das comunidades próximas
e do interior.
O mesmo censo
aponta que em 2013 foram feitas 206 matrículas para os anos iniciais do
Ensino Fundamental (1ª a 4ª série ou 1º ao 5º ano), 304 matrículas para os
anos finais do Ensino Fundamental (5ª a 8ª série ou 6º ao 9º ano) e 249
matrículas para o Ensino Médio, não contemplando Creche, Pré-escola, Educação
de Jovens e Adultos, nem Educação Especial. Possui 68 funcionários, estrutura
básica para funcionamento com internet, computadores (31 para alunos e 7 para
funcionários), salas de atendimento especial, professores, diretoria, quadra
de esporte, laboratório de ciências, informática, cozinha, biblioteca e
sanitários dentro da escola.
Trata-se de
uma escola de pequeno porte se compararmos com outras da grande vitória, mas
na cidade é a principal escola, apresentando público variado (moradores da
sede e do interior), sendo referência no acesso a educação e na
infraestrutura.
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[1] FACULDADE de
Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
HOMOFOBIA Nas escolas brasileiras. Disponível em:
Acesso em: 18 de abr. 2014.
[2] FRANCEZ, L. De
acordo com a UNESCO, Vitória é a capital mais homofóbica do País:
Reportagem. Século Diário, 2010. Disponível em:
. Acesso em:
18 de abri. 2014.
[3] MOREIRA, Yan Faria. Saindo do armário da escola: índices e
causas de evasão de indivíduos não heterossexuais das instituições de ensino.
IFES-ST, 2011. Disponível em: <
http://www.periodicos.ufes.br/gepss/article/view/3807>. Acesso em: 18 abr.
2014.
[4] Não foram encontrados dados oficiais
do município de Santa Leopoldina. Contudo, a situação do Estado pode ser usada
como referência, uma vez que as distâncias não amenizam as desigualdades
sociais e os desafios encontrados na educação.
[5] BRASIL (Ministério da Educação). Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira. Disponível em: .
Acesso em: 30 maio 2014.
[6] Vale ressaltar que tenho conhecimento
da existência de outras escolas sob os cuidados do Estado e do Município. Contudo,
não obtive respostas oficiais da Secretaria de Educação de Santa Leopoldina e
optei por apresentar dados do Censo Escolar/INEP 2013.
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