Por Patrícia Veronesi Batista
Domingo, 8 de junho de 2014
AÇÕES REQUERIDAS PARA CONSTITUIR OU
FORTALECER A NAÇÃO MEXICANA
Manuel Gamio, considerado
por muitos o pai da antropologia mexicana, via na antropologia social recursos
para construção da nacionalidade do México, país que naquele momento era
formado por uma minoria considerada "moderna e civilizada", população
branca que promovia o progresso, e uma maioria de indígenas, em que parte
mostrava-se exclusivamente indígena e parte mostrava-se já influenciada pela
"raça de origem europeia", mas que de forma geral, era identificada
como a parcela passiva e subdesenvolvida do país.
Com base nestas considerações e em estudos
históricos, etnográficos e estatísticos foram requeridas ações necessárias para
a formação da nação mexicana, a citar: mestiçagem dos grupos étnicos
heterogêneos, melhoria das comunicações e dos acessos a regiões isoladas,
universalização da língua espanhola, evolução cultural na ciência, arte e
religião e a diminuição da distância entre elite e a massa que desprovia de
acesso ao consumo e a renda.
Gamio buscava com essas ações diminuir as
diferenças evolutivas existentes entre os subgrupos que compunham a nação mexicana,
entendia essa incorporação como fundamental para o sucesso nacional, pois
representavam mais da metade da população mexicana, não podendo ser ignorados,
mas sim aproveitados para o progresso do país e para seu próprio sentimento de
pertença e identidade nacional.
A POLÍTICA INDIGENISTA DO ESTADO MEXICANO
Não é possível afirmar que a política
indigenista do Estado mexicano respeitava e valorizava as culturas indígenas em
suas especificidades e autonomias, pois tal movimento se consolidou mantendo as
características de aculturação planejadas desde os primeiros anos
revolucionários (anos de 1920) e conviveu com a contradição de exaltar as
culturas e as artes dos índios do passado (já mortos) e ignorar sua ligação com
os índios do presente (ainda vivos).
Vale ressaltar, que a política indigenista
não via com bons olhos a valorização de identidades locais ou sentimentos que
não fossem de pertença nacional. Desta forma, não era possível existir
autonomia das culturas indígenas, via-se nessas iniciativas o risco de
reproduzir a exclusão e as relações desiguais, contra as quais lutaram desde o
princípio.
Desta forma, as ações praticadas pelo
movimento indigenista tiveram sempre como propósito central desenvolver a
mudança de cultura indígena para a cultura mestiça, a fim de resultar na
integração à comunidade nacional e no desenvolvimento econômico e social das
diversas regiões do país, progresso esse almejado pela cultura mestiça.
REFERÊNCIA
GIL, Antonio Carlos Amador. Raça,
etnicidade, mestiçagem e indigenismo. O mestiço como símbolo nacional no
México. In: NADER, Maria Beatriz. Gênero
e Racismo: múltiplos olhares. Vitória : Edufes/Secadi/Ne@ad, 2014, p.
200-218.
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