segunda-feira, 14 de julho de 2014

O problema dos indígenas no México

Por Patrícia Veronesi Batista
Domingo, 8 de junho de 2014

AÇÕES REQUERIDAS PARA CONSTITUIR OU FORTALECER A NAÇÃO MEXICANA
Manuel Gamio, considerado por muitos o pai da antropologia mexicana, via na antropologia social recursos para construção da nacionalidade do México, país que naquele momento era formado por uma minoria considerada "moderna e civilizada", população branca que promovia o progresso, e uma maioria de indígenas, em que parte mostrava-se exclusivamente indígena e parte mostrava-se já influenciada pela "raça de origem europeia", mas que de forma geral, era identificada como a parcela passiva e subdesenvolvida do país.

Com base nestas considerações e em estudos históricos, etnográficos e estatísticos foram requeridas ações necessárias para a formação da nação mexicana, a citar: mestiçagem dos grupos étnicos heterogêneos, melhoria das comunicações e dos acessos a regiões isoladas, universalização da língua espanhola, evolução cultural na ciência, arte e religião e a diminuição da distância entre elite e a massa que desprovia de acesso ao consumo e a renda.

Gamio buscava com essas ações diminuir as diferenças evolutivas existentes entre os subgrupos que compunham a nação mexicana, entendia essa incorporação como fundamental para o sucesso nacional, pois representavam mais da metade da população mexicana, não podendo ser ignorados, mas sim aproveitados para o progresso do país e para seu próprio sentimento de pertença e identidade nacional.

A POLÍTICA INDIGENISTA DO ESTADO MEXICANO
Não é possível afirmar que a política indigenista do Estado mexicano respeitava e valorizava as culturas indígenas em suas especificidades e autonomias, pois tal movimento se consolidou mantendo as características de aculturação planejadas desde os primeiros anos revolucionários (anos de 1920) e conviveu com a contradição de exaltar as culturas e as artes dos índios do passado (já mortos) e ignorar sua ligação com os índios do presente (ainda vivos).

Vale ressaltar, que a política indigenista não via com bons olhos a valorização de identidades locais ou sentimentos que não fossem de pertença nacional. Desta forma, não era possível existir autonomia das culturas indígenas, via-se nessas iniciativas o risco de reproduzir a exclusão e as relações desiguais, contra as quais lutaram desde o princípio.

Desta forma, as ações praticadas pelo movimento indigenista tiveram sempre como propósito central desenvolver a mudança de cultura indígena para a cultura mestiça, a fim de resultar na integração à comunidade nacional e no desenvolvimento econômico e social das diversas regiões do país, progresso esse almejado pela cultura mestiça.

REFERÊNCIA

GIL, Antonio Carlos Amador. Raça, etnicidade, mestiçagem e indigenismo. O mestiço como símbolo nacional no México. In: NADER, Maria Beatriz. Gênero e Racismo: múltiplos olhares. Vitória : Edufes/Secadi/Ne@ad, 2014, p. 200-218. 

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