Por Martha
Miranda dos Santos
Quinta-feira,
19 de junho de 2014
Em 1888,aconteceu
à proclamação da Republica no Brasil, um ano após a abolição da escravatura. O
novo sistema político, não assegurou ganhos materiais à população negra, sendo
um período marcado pelo preconceito racial, principalmente pelo mercado de
trabalho e outros espaços como; clubes, festas, cinemas, hotéis, restaurantes,
estabelecimentos comerciais e religiosos, além de escolas, ruas, praças
publicas e outros.
Como forma de reverter esse quadro
discriminatório, os liberto safro-brasileiros, instituíram os movimentos de
mobilização racial negra no Brasil, criando espaços próprios de sociabilidade e
também de luta contra o racismo, tais como;Clube 28 de setembro (1897), Clube 13
de maio dos Homens Pretos (1902), O Centro
Literário dos Homens de Cor (1903), A Sociedade Propugnadora 13 de Maio (1906),
O Centro Cultural Henrique Dias (1908), Sociedade União Cívica dos
Homens de Cor (1915), A Associação
Protetora dos Brasileiros Pretos (1917).
Com a criação de várias
entidades,simultaneamente, apareceu à imprensa negra, a qual esses jornais
enfocavam as mais diversas mazelas que afetavam a população negra no âmbito do
trabalho, da habitação, da educação e da saúde, tornando-se uma tribuna privilegiada
para se pensar em soluções concretas para o problema do racismo na sociedade
brasileira.
Na década de 1930, o movimento negro
deu um salto qualitativo, com a fundação,da Frente Negra Brasileira (FNB) com
reivindicações políticas mais deliberadas. Na primeira metade do século XX, ela
foi a mais importante entidade negra do país e chegou a superar os 20 mil
associados. A entidade desenvolveu um considerável nível de organização, mantendo
escola, grupo musical e teatral, time de futebol, departamento jurídico, além
de oferecer serviço médico e odontológico, cursos de formação política, de
artes e ofícios, assim como publicar um jornal, A Voz da Raça.
Em 1945, surgiu o Teatro Experimental
do Negro (TEN), fundado por Abdias do Nascimento. Ele foi um ativista do
movimento negro, deputado, secretário estadual e senador, além de ator e
escultor. Produziu obras para evidenciar o combate à discriminação racial.
Abdias estabeleceu o dia 20 de novembro como data oficial da Consciência Negra.
Na década de 1960 e 1970 houve
alterações nos quadros políticos, culturais, comportamentais e isso passou a
fazer parte do mundo, e no Brasil vivíamos o período ditatorial. Neste momento
surgiram grupos de dança, musica e teatro, sem contar a influencia da cultura
dos negros americanos como o Soul Music, Black Power, artistas como; James
Brow, Bob Marleye ativistas; Martin Luther King, Ângela Davis, Malcolm X, Nelson Mandela, tiveram grande influencia e contribuíram de alguma forma nesse processo, repensando valores e
identidade da população negra brasileira.
Por meio dessas manifestações, os
negros se organizaram e fundamentaram suas ideias criando em 1978 o Movimento Negro Unificado (MNU) e em 1988, o GELEDÉS, movimento que combatia a desvalorização das
mulheres negras e o racismo.
Nesse sentido, com as lutas constantes,
o Estado Democrático através da Constituição de 1988, estabelece a igualdade e
o combate ao racismo.
Em 1995,na Marcha Zumbi dos
Palmares, milhares de negros/as seguiram para a Brasília, em protesto e
reivindicação contra o racismo, pela Cidadania e a Vida. Exigindo o fim do
racismo e a ação urgente do Estado contra as desigualdades raciais e pela
melhoria das condições de vida da população negra. Essa ação resultou na
criação do Grupo de Trabalho Interministerial para a Valorização da População
Negra, através do decreto s/nº de 20 de novembro de 1995.
Em 1996, várias propostas para
defesa da população negra foram inseridas no Programa Nacional de Direitos
Humanos (PNDH) e deram oportunidades para que assuntos relacionados à educação,
ações afirmativas e órgãos direcionados aos negros fossem criados.
No ano de 2001, na III Conferência
Mundial Contra o Racismo, na África do Sul, o governo brasileiro se comprometeu
em implantar o sistema de Cotas raciais. Os debates frequentes com relação
à desigualdade racial giraram em torno das políticas afirmativas que tem como
objetivo corrigir as desigualdades sociais, raciais e econômicas realizadas no
passado ou no presente.
Em 21 de março 2003, foi
criada a Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial
da Presidência da República (SEPPIR), que nasce do reconhecimento das
lutas históricas do Movimento Negro brasileiro. Nesta data é comemorado o Dia
Internacional pela Eliminação Racial instituído pela Organização das Nações
Unidas (ONU).
Como base nessas conquistas, hoje por
meio das políticas afirmativas temos; Programa de Bolsas de Estudo;
Inclusão de negros ou grupos discriminados em empregos ou escolas/universidades
(por meio de cotas, metas, bônus, financiamentos, etc.), prioridade para
empréstimos;distribuição de terras e moradias.
As leis e estatutos baseados nas ações
afirmativas para afro-brasileiro são:
· Lei 10.639/93
-fala sobre a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira
em instituições de nível fundamental e médio;
· Lei 12.288/10 -
institui o Estatuto da Igualdade Racial;
· Lei 12.711/12 -
com cotas para entrada de negros nas universidades.
REFERÊNCIA
Disponível em: http://www.criola.org.br/pdfs/publicacoes/Boletim_toques/2005-MarchaZumbi.pdf acessado
em 13 de junho de 2014.
Disponível em: http://negros-no-brasil.info/mos/view/Movimento_Negro/,
acessado em 13 de junho de 2014.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-77042007000200007,
acessado em 13 de junho de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário